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Foi realizado, nesta terça-feira (14), o Intercâmbio Brasil & África – Fortalecendo a equidade de gênero entre as mulheres rurais, com o tema: Disseminação do uso das Cadernetas Agroecológicas: Uma experiência de sucesso nos projetos FIDA no Brasil. O objetivo é promover a troca de experiências entre o Brasil e países africanos como Angola, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com foco nas ações executadas pelos projetos cofinanciados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), direcionadas à promoção da igualdade entre gêneros.
O evento foi promovido pelo Semear Internacional e contou com a participação e contribuição de consultoras que integram o Comitê de Gênero dos Projetos FIDA no Brasil, com representações dos estados da Bahia, Ceará e Piauí. O Pró-Semiárido, projeto do Governo do Estado, executado pela Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), foi representado pela assessora de Gênero, Raça/Etnia e Geração, Beth Siqueira.
“Esse intercâmbio de experiências entre os projetos Fida na África com os do Brasil é muito importante para fortalecer o enfoque de gênero dentro das ações dos projetos. Inclusive deu visibilidade e fortaleceu o Grupo de Trabalho (GT) de Gênero dos Projetos Fida/Brasil, ao apresentar suas experiências com as Cadernetas Agroecológicas no Piauí, na Bahia e no Ceará”, afirma Beth Siqueira.
A utilização das Cadernetas Agroecológicas norteará o intercâmbio, dividido em três módulos, que discutirá também a execução do Projeto de Formação e Disseminação do Uso Consciente das Cadernetas Agroecológicas. A ação é realizada por meio de parceria entre o Programa Semear Internacional, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), o GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o FIDA.
A Caderneta é uma ferramenta pensada para que as agricultoras possam anotar e fazer o controle sobre o que produzem em seus quintais. Nelas, as mulheres tomam nota do que venderam, doaram e consumiram, e conseguem mensurar a renda monetária e não monetária gerada a partir do seu trabalho.
“É fundamental a gente compreender a Caderneta Agroecológica não só como instrumento de registro da produção, mas como uma metodologia político-pedagógica, que valoriza tanto a produção econômica das mulheres, quanto fortalece seus processos organizativos de luta e contribui para sua autonomia, liberdade e para uma vida sem violência”, assinala a consultora de gênero do Projeto Viva o Semiárido (PVSA), do Piauí, Sarah Luiza Moreira.
Durante este primeiro módulo, a gerente de Gestão do Conhecimento do Programa Semear Internacional, Aline Martins, apresentou os dados das ações com a Caderneta Agroecológica nos estados da Bahia, Piauí, Ceará, Sergipe, Paraíba e Pernambuco. São 879 pessoas envolvidas nas atividades, entre mulheres rurais e as equipes técnicas responsáveis pelo acompanhamento da utilização da ferramenta e sistematização das informações coletadas mensalmente. O Pró-Semiárido é o projeto com maior número de mulheres utilizando, de forma sistemática, a Caderneta Agroecológica no Brasil, com 374 agricultoras.
História – A Caderneta Agroecológica foi concebida, em 2011, pelo Centro de Tecnologias Alternativas na região de Zona da Mata (CTA/ZM), em Minas Gerais, em interlocução com o GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA).
O Programa de Formação em Feminismo e Agroecologia foi o primeiro a utilizar a metodologia das Cadernetas, em 2013. Logo depois, também em 2013 e em 2015, o GT da ANA aplicou este instrumento dentro de um programa de formação, cuja temática principal foi: Feminismo e Agroecologia. A ação foi financiada pela União Europeia e levada a todas as regiões do país. O trabalho com a Caderneta é apoiado pelo Projeto Semear Internacional, do FIDA, implementado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).