A responsabilidade social empresarial não é mais apenas uma escolha ética, tornou-se uma necessidade estratégica. A melhor forma que vejo para as empresas realizarem investimentos sociais recorrentes é através da organização de fundos filantrópicos atrelados à receita ou endowments. Estes mecanismos garantem uma receita estável e contínua para doações, permitindo que as empresas façam uma diferença real e sustentável na sociedade. No entanto, considerando que os recursos individuais tendem a ser limitados, a união de forças com outras iniciativas é crucial. Essa colaboração não só facilita, como também alavanca o impacto do investimento social privado, ampliando significativamente os seus resultados.
Eu costumo comparar os projetos sociais de hoje com o que a área de marketing representava para as empresas há 30 anos. Naquela época, o marketing era visto como um “nice to have” – algo desejável, mas não essencial. Atualmente, ninguém duvida da importância do marketing para o sucesso de qualquer negócio. Da mesma forma, os investimentos sociais estão a emergir como uma peça fundamental para o posicionamento de uma empresa no mercado. A responsabilização corporativa em projetos sociais não só fortalece a imagem da marca, como também impulsiona as vendas e o engajamento dos consumidores. Mas, para que esse impacto seja duradouro, as empresas precisam comprometer-se com programas sociais estruturantes e de longo prazo, em vez de ações pontuais e sem continuidade.
A complexidade dos desafios sociais no Brasil – um país continental com problemas de igual dimensão – exige uma abordagem colaborativa. Nenhuma empresa, por mais bem-intencionada que seja, tem a capacidade de resolver todos os problemas sociais sozinha. A solução passa por “fazer juntos”. A parceria com organizações que possuem a expertise e a capacidade operacional necessárias para enfrentar esses desafios é crucial. Este modelo colaborativo não só maximiza os recursos disponíveis, como também permite que as empresas se envolvam em iniciativas com maior impacto e relevância.
Outro aspecto essencial é a promoção de uma cultura de doação mais robusta no Brasil. Isso inclui incentivar as empresas a doarem mais, captar recursos do Norte Global, advogar por incentivos fiscais para doações, e fomentar parcerias público-privadas. De acordo com uma pesquisa do CEBDS (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável), 80% das empresas que investem em responsabilidade social notaram um aumento significativo na confiança do consumidor e na lealdade à marca. Além disso, o Global Impact Investing Network (GIIN) revelou que o mercado de investimento social tem crescido a uma taxa de 17% ao ano, refletindo a crescente demanda por empresas que não apenas busquem lucro, mas também impacto positivo.
Esses dados reforçam a ideia de que o investimento em iniciativas sociais não é apenas um ato de generosidade, mas uma estratégia empresarial inteligente e eficaz. Em resumo, o investimento em iniciativas sociais deve ser visto como uma parte integrante da estratégia empresarial moderna. A união de esforços, o compromisso com projetos de longo prazo e a criação de mecanismos financeiros sustentáveis são essenciais para que as empresas não só sobrevivam, mas prosperem em um mundo cada vez mais consciente e exigente.
*Daniel Grynberg é diretor executivo do Grupo +Unidos